quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Michon, Foucault (1)

Michon, na conversa com Arlette Farge, não tinha certeza de onde tinha lido "A vida dos homens infames", o texto de Foucault - na Nouvelle Revue Française ou na Cahiers du chemin? 1977 ou 1978? Foi em 1977, no número 29 da revista Cahiers du chemin, que Foucault publica "A vida dos homens infames", revista fundada por Georges Lambrichs (que primeiro trabalhou na Minuit, editando Beckett, e em seguida passou à Gallimard). A Cahiers du chemin durou 30 números, de 1967 a 1977 - Foucault publica "A vida dos homens infames" no penúltimo número da revista, portanto -, e a partir de 1977 ela se funde à Nouvelle Revue Française (talvez por isso a incerteza de Michon entre uma e outra?).
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Michon se define, indiretamente, na entrevista, como um leitor de revistas - um leitor das revistas que surgiam no contexto francês das décadas de 1960 e 1970 (Michon estudou na universidade de Clermont-Ferrand na década de 1960, justo no período em que Foucault era ali diretor do Instituto de Psicologia). Não apenas lendo Foucault na Cahiers du chemin, mas também Barthes, Kristeva e Pleynet na Tel Quel (fundada por Philippe Sollers em 1958, durando até 1982) ou na Critique (fundada por Georges Bataille em 1946), lendo, enfim, o presente, em busca de algo que talvez não soubesse bem o quê (lembremos que Michon é um escritor tardio e como, em Vidas minúsculas, ele faz dessa decisão tardia de escrever matéria de ficção) e que talvez continue buscando ainda hoje.
     

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