sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Os dentes, 2

1) Napoleão Bonaparte, Imperador, 1769-1821.
2) Honoré Daumier, desenhista, 1808-1879.
3) Gustave Flaubert, escritor, 1821-1880.
4) Charles Baudelaire, poeta, 1821-1867.
5) Fiódor Dostoiévski, russo, 1821-1881.
1) Muitos autores, especialmente Dolf Oehler em seu Quadros parisienses, assinalaram a importância das imagens de Daumier para o pensamento de Baudelaire. A leitura cáustica que Daumier fazia do mundo ao seu redor [um mundo que compartilhava com Baudelaire, com Flaubert] refinou o olhar e a sensibilidade de toda uma geração. E também Daumier se ocupou dos dentes, das relações tragicômicas entre dentistas e seus pacientes [o dentista, esse profissional do século XIX que oscilava em algum lugar entre a medicina e o açougue].2) Uma das receitas para verificar a saúde de um cavalo é olhar seus dentes. O espaço dos dentes é um entre-lugar: é da ordem do privado, do mais íntimo de cada um, ao mesmo tempo em que estão imediatamente expostos no momento da fala, da comunicação. O dentista de Daumier é quase um exorcista: em meio aos espasmos do paciente, com mão firme e instrumentos de uso controlado, ele extirpa o Mal com violência, um Mal que não se sabe de onde vem, que surge do nada, acompanhado de dores lancinantes, como aquelas que experimenta des Esseintes no livro de Huysmans.

Nenhum comentário:

Postar um comentário